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A convergência entre mobilidade elétrica e inovação

A transição energética em curso no mundo, buscando alternativas de fontes de geração de energia com baixa emissão de carbono, está mudando diversos setores. Dentro deste contexto, o segmento de mobilidade se mostra como uma das áreas em franca mudança atualmente, indicando um cenário bem diferente para as próximas décadas.

A eletrificação das frotas veiculares, a segunda maior fonte de emissão de CO2 do mundo, se mostra um caminho a ser adotado em diversos países. Esta mudança tem pressionado as montadoras a buscarem planos de modificação da natureza de seus veículos, ofertando ao consumidor a oportunidade de modelos que não utilizam combustível fóssil, ofertando modelos híbridos e puramente elétricos.

A mobilidade baseada em veículos elétricos será um dos fatores de mudança no cotidiano urbano, assim como irá entregar aos consumidores, novas experiências quanto ao uso do automóvel. Sobre tudo, irá permitir que as montadoras e os consumidores finais sejam protagonistas na mitigação das mudanças climáticas.

 

O panorama da Eletrificação

De acordo com o relatório Global EV Outlook 2024 da International Energy Agency (IEA), o mercado de veículos elétricos (VEs) continua em rápida expansão. Em 2023, a China registrou 8,1 milhões de novos VEs, representando um aumento de 35% em relação a 2022. Nos Estados Unidos, foram 1,4 milhão de novos registros no mesmo ano, um crescimento superior a 40% comparado ao ano anterior. Esses números indicam uma tendência global de adoção crescente de veículos elétricos, impulsionando a mobilidade elétrica.

Além disso, empresas multinacionais estão intensificando seus esforços para descarbonizar suas frotas. A Amazon, por exemplo, anunciou investimentos significativos em reatores nucleares modulares para alimentar seus centros de dados, visando atender à crescente demanda energética impulsionada por tecnologias como a inteligência artificial e cumprir suas metas climáticas.

 

A mobilidade elétrica no Brasil

Dentro do cenário brasileiro, o aumento de veículos elétricos acontece de forma gradual, embora seu percentual da frota de veículos leves corresponda a 2,3% dos veículos atualmente em circulação no Brasil.

Um levantamento realizado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Autoveículos (Anfavea) indica que no ano de 2021 foram vendidos 2.851 carros elétricos novos nacionalmente. Esse resultado apresentou uma elevação de 255% em relação aos dados registrados nos 12 meses de 2020. Segundo dados também da Anfavea, a eletrificação da frota dos pesados acompanhou a tendência mundial, com um acréscimo da frota no ano de 2021, com emplacamento de 157 caminhões ou ônibus com propulsores mais ecológicos, frente a 41 veículos emplacados em 2020.

Estima-se que, até 2025, o Brasil contará com 11 milhões de veículos elétricos a bateria (BEVs) em circulação, refletindo um cenário otimista impulsionado por inovações tecnológicas, expansão da infraestrutura e incentivos governamentais.

O cenário nacional tem se mostrado promissor, embora a adesão ainda seja tímida, contudo acompanhando a tendência mundial de eletrificação de veículos. A ausência de políticas públicas e de estruturação de uma rede robusta de pontos de recarga também podem retardar a inserção em larga escala. Entretanto, dentro da transição energética da mobilidade e da tendência mundial, os carros elétricos e todo ecossistema que os envolve se mostra um segmento que deve ser compreendido e estrategicamente investigado. O potencial de novos negócios, mudanças de paradigmas e criação de nichos deve ser tendência nos próximos anos, criando diversas oportunidades no mercado brasileiro.

Entretanto, desafios persistem, como a necessidade de políticas públicas robustas e a expansão da infraestrutura de recarga para suportar a crescente frota elétrica. Superar essas barreiras é crucial para acelerar a transição energética no setor de mobilidade elétrica e aproveitar as oportunidades de negócios emergentes nesse mercado em transformação.

A mobilidade elétrica no Brasil está em um ponto de inflexão, com avanços tecnológicos e crescimento de mercado indicando um futuro promissor para o transporte sustentável no país.

 

O ecossistema das tecnologias embarcadas

Sua presença, mais do que apenas o uso por parte dos colaboradores, permite ao instituto, focado em pesquisa e desenvolvimento tecnológicos, conhecer as contribuições que pode trazer para a área de mobilidade elétrica.

Evoluindo a tecnologia que já se encontrava embarcada nos veículos a combustão, o segmento de elétricos entrega uma nova gama de possibilidade através da tecnologia embarcada e suas integrações possíveis, que mudam a experiência dos usuários e os modelos de negócio dentro do setor elétrico.

Diferente dos modelos tradicionais até então, os veículos elétricos já são concebidos dentro dos paradigmas atuais de digitalização e utilização de dados. Esta abordagem, junto com a eletrificação veicular e as soluções eletrônicas mais modernas, permite uma variedade de funcionalidades até então pouco exploradas. Um exemplo está na possibilidade de update de software, possibilitando desde modificações da experiência do usuário até melhorias de desempenho do carro ou correção em seus módulos.

A geração de dados de telemetria, seu uso e insights advindos do veículo permitem que as montadoras conheçam melhor seu uso, estudem melhorias e se planejem quanto a usabilidade de versões e modelos, assim como compreendem em tempo real o desempenho de bateria e detalhes quanto aos sistemas de recarga, por exemplo. As montadoras e todo ecossistema de manutenção e reposição de peças poderão, no futuro, tornar sua operação totalmente Data Driven, utilizando os dados reais gerados de uso e desgaste, para a tomada de decisão.

Não somente as montadoras poderão lidar com a informação, a integração dos veículos elétricos com a rede elétrica, através de sistemas de smart grid, permite a troca de dados entre cada veículo e a concessionária ou novos atores que estão aparecendo no ecossistema, como operadores de carga ou agregadores de fontes de geração e armazenamento.

Dentro deste novo paradigma, a relação do consumidor mudará quanto ao seu veículo. A mobilidade baseada em combustível fóssil tornava o consumidor dependente do abastecimento por um terceiro, distribuidor do combustível. A mobilidade elétrica permite por sua vez que o consumidor produza a energia com a qual abastece seu carro, assim como permite o caminho inverso, fornecendo para a rede a energia armazenada em seu veículo. Estas mudanças permitirão novos comportamentos e novos negócios, baseados na bidirecionalidade da energia e no uso de dados e informação, para gerenciamento e comercialização flexível da energia.