Eventos climáticos extremos: o que são e por que você deveria se preocupar?
Enquanto o aquecimento global já é amplamente conhecido, o conceito de eventos climáticos extremos ainda precisa ser mais disseminado e melhor compreendido pela sociedade. Afinal, esses fenômenos têm sido cada vez mais frequentes e intensos, reforçando a necessidade de ações integradas de conscientização e mitigação, com investimentos na gestão de riscos.
Inclusive, o Brasil registrou um recorde de alertas de desastres naturais em 2024, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O número é o maior desde o início das atividades de monitoramento em 2011. A ocorrência de desastres também tem crescido significativamente nos últimos anos.
A conscientização, portanto, é o primeiro passo para que seja possível mobilizar diferentes instâncias, promover parcerias e direcionar ações concretas de prevenção e, principalmente, mitigação dos impactos desses fenômenos tão preocupantes e cada vez mais frequentes no planeta.
O que são eventos climáticos extremos?
Um evento climático extremo é qualquer situação que fuja das condições climáticas normais e esperadas em uma determinada região e período. São eventos agravados pelas mudanças climáticas e caracterizados pela magnitude, duração e/ou frequência atípicas. Geralmente ocorrem de maneira repentina, sem ninguém esperar, deixando para trás um rastro de destruição e prejuízos catastróficos.
Podem interferir e intensificar outros fatores, como cheias, desertificação, mudanças de biomas, causando impactos significativos no meio ambiente e na sociedade. São tantos os efeitos diretos e indiretos desencadeados pelos eventos climáticos extremos que muitos acabam não sendo registrados e/ou divulgados, passando despercebidos pela maioria da população.
Tipos de eventos climáticos extremos
- Chuvas intensas e inundações
- Chuvas de granizo
- Secas prolongadas
- Ondas de calor ou de frio
- Queimadas em larga escala, naturais ou não
- Ciclones tropicais e extratropicais
- Vendavais e tornados
- Períodos prolongados de baixa ou alta umidade do ar
Exemplos de eventos climáticos extremos
Estes são alguns dos eventos climáticos extremos mais recentes e impactantes que ocorreram nos últimos anos, no Brasil e no mundo.
Brasil
Enchentes no Rio Grande do Sul (abril-maio 2024)
- Considerado o maior desastre natural da história do estado
- Atingiu 478 dos 497 municípios gaúchos
- Afetou 2,4 milhões de pessoas
- Causou 173 mortes e deixou 38 desaparecidos
- Perdas agrícolas estimadas em aproximadamente R$ 3,1 bilhões
Recorde histórico de queimadas em São Paulo (2024)
- O Estado de São Paulo registrou 7.296 focos de incêndio em 2024, o maior número desde o início do monitoramento pelo INPE em 1998
- Agosto foi o mês mais severo, com 3.612 incêndios
- As causas foram atribuídas a ondas de calor, baixa umidade relativa do ar e escassez de chuvas favoreceram o aumento dos incêndios, bem como incêndios de origem criminosa, com 23 pessoas presas
Enchentes no Acre (2024)
- Cheia histórica do rio Acre
- Impactou 120 mil pessoas
Seca extrema na Amazônia (2023-2024)
- Secou rios e isolou comunidades ribeirinhas
- Em Manaus, o Rio Negro atingiu a menor cota da história
- Afetou cerca de 770 mil pessoas
Incêndios no Pantanal (2020)
- Considerada a pior seca em décadas na região
- Provocou incêndios sem precedentes, afetando fauna e flora
Brumadinho (25 de janeiro de 2019)
- Rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, pertencente à Vale
- Liberação de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério
- 270 mortes confirmadas (incluindo duas mulheres grávidas)
- Destruição do centro administrativo da Vale e da comunidade Vila Ferteco
- Contaminação do Rio Paraopeba, afluente do Rio São Francisco
- Impacto em 24 mil pessoas na região
- Considerado o maior acidente de trabalho da história do Brasil em perda de vidas humanas
Mariana (5 de novembro de 2015)
- Rompimento da barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco
- Liberação de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro
- 19 mortes confirmadas
- 3 pessoas permanecem desaparecidas até hoje
- 600 pessoas ficaram desabrigadas
- 1,2 milhão de pessoas ficaram sem acesso à água potável
- Destruição do subdistrito de Bento Rodrigues e outras comunidades
- Contaminação da bacia do Rio Doce até o oceano Atlântico
- Impacto em 49 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo
- Considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil
Mundo
Incêndios em Los Angeles (EUA, janeiro 2025)
- Pelo menos 5 mortos e 70 mil evacuados
- Um dos surtos de incêndio mais significativos da história da região
Ciclone Chido (Moçambique, dezembro 2024)
- Devastou as ilhas de Mayotte
- Pode ter matado mais de mil pessoas4
Furacão Helene (EUA, setembro 2024)
- Categoria 4, ventos de até 225 km/h
- Causou 219 mortes e US$ 79,6 bilhões em danos
- Provocou inundações históricas na Carolina do Norte
Tufão Yagi (Sudeste Asiático, setembro 2024)
- Matou mais de 800 pessoas
- Atingiu Filipinas, Laos, Myanmar, Vietnã e Tailândia
Inundações na China (2024)
- Custaram US$ 15,6 bilhões
- Mataram 315 pessoas
Tempestade Boris (Europa Central, 2024)
- Causou inundações na Espanha e na Alemanha
- Resultou em 258 mortes e US$ 13,87 bilhões em danos
Causas dos eventos climáticos extremos
Eventos extremos sempre existiram como parte da variabilidade natural do clima. No entanto, nas últimas décadas, a frequência e a intensidade deles têm aumentado significativamente. Somente no Brasil, os desastres climáticos registraram um aumento alarmante de 2,5 vezes na média anual no período de 2020 a 2023 em comparação com a década de 1990 inteira, como demonstrou um estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica.
Os cientistas conferem essa maior recorrência e magnitude às mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas, ao longo do tempo. Essa relação é inclusive demonstrada no estudo mencionado acima. O aquecimento global, provocado principalmente pela emissão de gases de efeito estufa, tem alterado os padrões climáticos e agravado esses fenômenos.
São aspectos artificiais influenciando dinâmicas naturais, que, consequentemente, acabam desequilibrando as condições climáticas conhecidas. Esse cenário evidencia a urgência de ações imediatas e ambiciosas de mitigação das emissões e dos desastres climáticos, bem como o fortalecimento da resiliência dos sistemas naturais e humanos mais afetados.
Por que este é um assunto que todos precisam se preocupar e se envolver?
Esse aumento na ocorrência de eventos climáticos extremos no mundo e os seus impactos catastróficos faz com que este seja um tema que precise ser melhor compreendido e visto como estratégico, de importância global, envolvendo tanto a esfera pública quanto a privada. Somente assim será possível buscar mecanismos de prevenção e mitigação efetivos.
Afinal, as mudanças climáticas não têm fronteiras. Mesmo regiões que não emitem poluentes, serão afetadas de alguma maneira pelo aumento da temperatura no planeta e pelos seus impactos. E em virtude do avanço progressivo na temperatura média global, os fenômenos climáticos devem acontecer de forma cada vez mais extrema e frequente, afetando a todos.
Por isso, essa responsabilidade é de todos. Mas é aí que mora o desafio: essa divisão de responsabilidades não é clara. Ao mesmo tempo, faltam lideranças para congregar as organizações a fim de resolver esse problema que atinge e aflige a todos.
É possível prever um evento climático extremo? E como a Inteligência Artificial pode ajudar?
Outra grande questão está justamente em como prever esses eventos extremamente fora da curva e tomar decisões que gerem o menor impacto possível.
A dificuldade de prever eventos climáticos extremos existe por uma limitação tecnológica dos métodos tradicionais, que dificulta um acompanhamento local preciso e a curto prazo do tempo. O resultado é uma incapacidade de antever esses casos e, com isso, uma enorme dificuldade em tomar as decisões certas para controlar e mitigar as suas consequências.
Tecnologias como Inteligência Artificial têm auxiliado as empresas a tomarem melhores decisões, gerando o menor impacto possível, por meio de análises preditivas e de risco que relacionam diversos fatores de acordo com o nível de impacto dos eventos. Essa abordagem apoia a tomada de decisões em situações críticas.
Outros mecanismos inovadores também têm sido utilizados para a otimização dos processos e a redução ou absorção das emissões de carbono.
O papel do SiDi, como ICT
Novos problemas requerem novas soluções e, para tanto, uma união coordenada de forças. Por mais que seja difícil reverter totalmente o cenário a condições ideais, existem medidas que podem e precisam ser tomadas para reduzir os impactos.
Como Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT), o SiDi tem o papel de ser uma liderança nesse contexto, sendo uma ponte entre a pesquisa realizada nas universidades e a sua aplicação na sociedade. Isso envolve catalisar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, interligando as pontas e promovendo soluções inovadoras por meio de parcerias.
Além disso, também temos o dever de conscientizar a sociedade e as empresas, bem como fomentar conversas entre os players para facilitar a busca e a concretização das soluções.
Se a sua organização quer saber como ser mais resiliente e mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos, por meio de tecnologias que auxiliam na tomada de decisão, entre em contato conosco.