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Eventos climáticos extremos: o que são e por que você deveria se preocupar?

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10:18

Enquanto o aquecimento global já é amplamente conhecido, o conceito de eventos climáticos extremos ainda precisa ser mais disseminado e melhor compreendido pela sociedade. Afinal, esses fenômenos têm sido cada vez mais frequentes e intensos, reforçando a necessidade de ações integradas de conscientização e mitigação, com investimentos na gestão de riscos.

Inclusive, o Brasil registrou um recorde de alertas de desastres naturais em 2024, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O número é o maior desde o início das atividades de monitoramento em 2011. A ocorrência de desastres também tem crescido significativamente nos últimos anos.

A conscientização, portanto, é o primeiro passo para que seja possível mobilizar diferentes instâncias, promover parcerias e direcionar ações concretas de prevenção e, principalmente, mitigação dos impactos desses fenômenos tão preocupantes e cada vez mais frequentes no planeta.

 

O que são eventos climáticos extremos?

Um evento climático extremo é qualquer situação que fuja das condições climáticas normais e esperadas em uma determinada região e período. São eventos agravados pelas mudanças climáticas e caracterizados pela magnitude, duração e/ou frequência atípicas. Geralmente ocorrem de maneira repentina, sem ninguém esperar, deixando para trás um rastro de destruição e prejuízos catastróficos.

Podem interferir e intensificar outros fatores, como cheias, desertificação, mudanças de biomas, causando impactos significativos no meio ambiente e na sociedade. São tantos os efeitos diretos e indiretos desencadeados pelos eventos climáticos extremos que muitos acabam não sendo registrados e/ou divulgados, passando despercebidos pela maioria da população.

 

Tipos de eventos climáticos extremos  

  • Chuvas intensas e inundações
  • Chuvas de granizo
  • Secas prolongadas
  • Ondas de calor ou de frio
  • Queimadas em larga escala, naturais ou não
  • Ciclones tropicais e extratropicais
  • Vendavais e tornados
  • Períodos prolongados de baixa ou alta umidade do ar

 

Exemplos de eventos climáticos extremos

Estes são alguns dos eventos climáticos extremos mais recentes e impactantes que ocorreram nos últimos anos, no Brasil e no mundo.

Brasil

Enchentes no Rio Grande do Sul (abril-maio 2024)

  • Considerado o maior desastre natural da história do estado
  • Atingiu 478 dos 497 municípios gaúchos
  • Afetou 2,4 milhões de pessoas
  • Causou 173 mortes e deixou 38 desaparecidos
  • Perdas agrícolas estimadas em aproximadamente R$ 3,1 bilhões

Recorde histórico de queimadas em São Paulo (2024)

  • O Estado de São Paulo registrou 7.296 focos de incêndio em 2024, o maior número desde o início do monitoramento pelo INPE em 1998
  • Agosto foi o mês mais severo, com 3.612 incêndios
  • As causas foram atribuídas a ondas de calor, baixa umidade relativa do ar e escassez de chuvas favoreceram o aumento dos incêndios, bem como incêndios de origem criminosa, com 23 pessoas presas

Enchentes no Acre (2024)

  • Cheia histórica do rio Acre
  • Impactou 120 mil pessoas

Seca extrema na Amazônia (2023-2024)

  • Secou rios e isolou comunidades ribeirinhas
  • Em Manaus, o Rio Negro atingiu a menor cota da história
  • Afetou cerca de 770 mil pessoas

Incêndios no Pantanal (2020)

  • Considerada a pior seca em décadas na região
  • Provocou incêndios sem precedentes, afetando fauna e flora

Brumadinho (25 de janeiro de 2019)

  • Rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, pertencente à Vale
  • Liberação de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério
  • 270 mortes confirmadas (incluindo duas mulheres grávidas)
  • Destruição do centro administrativo da Vale e da comunidade Vila Ferteco
  • Contaminação do Rio Paraopeba, afluente do Rio São Francisco
  • Impacto em 24 mil pessoas na região
  • Considerado o maior acidente de trabalho da história do Brasil em perda de vidas humanas

Mariana (5 de novembro de 2015)

  • Rompimento da barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco
  • Liberação de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro
  • 19 mortes confirmadas
  • 3 pessoas permanecem desaparecidas até hoje
  • 600 pessoas ficaram desabrigadas
  • 1,2 milhão de pessoas ficaram sem acesso à água potável
  • Destruição do subdistrito de Bento Rodrigues e outras comunidades
  • Contaminação da bacia do Rio Doce até o oceano Atlântico
  • Impacto em 49 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo
  • Considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil

Mundo

Incêndios em Los Angeles (EUA, janeiro 2025)

  • Pelo menos 5 mortos e 70 mil evacuados
  • Um dos surtos de incêndio mais significativos da história da região

Ciclone Chido (Moçambique, dezembro 2024)

  • Devastou as ilhas de Mayotte
  • Pode ter matado mais de mil pessoas4

Furacão Helene (EUA, setembro 2024)

  • Categoria 4, ventos de até 225 km/h
  • Causou 219 mortes e US$ 79,6 bilhões em danos
  • Provocou inundações históricas na Carolina do Norte

Tufão Yagi (Sudeste Asiático, setembro 2024)

  • Matou mais de 800 pessoas
  • Atingiu Filipinas, Laos, Myanmar, Vietnã e Tailândia

Inundações na China (2024)

  • Custaram US$ 15,6 bilhões
  • Mataram 315 pessoas

Tempestade Boris (Europa Central, 2024)

  • Causou inundações na Espanha e na Alemanha
  • Resultou em 258 mortes e US$ 13,87 bilhões em danos

 

Causas dos eventos climáticos extremos

Eventos extremos sempre existiram como parte da variabilidade natural do clima. No entanto, nas últimas décadas, a frequência e a intensidade deles têm aumentado significativamente. Somente no Brasil, os desastres climáticos registraram um aumento alarmante de 2,5 vezes na média anual no período de 2020 a 2023 em comparação com a década de 1990 inteira, como demonstrou um estudo da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica.

Os cientistas conferem essa maior recorrência e magnitude às mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas, ao longo do tempo. Essa relação é inclusive demonstrada no estudo mencionado acima. O aquecimento global, provocado principalmente pela emissão de gases de efeito estufa, tem alterado os padrões climáticos e agravado esses fenômenos.

São aspectos artificiais influenciando dinâmicas naturais, que, consequentemente, acabam desequilibrando as condições climáticas conhecidas. Esse cenário evidencia a urgência de ações imediatas e ambiciosas de mitigação das emissões e dos desastres climáticos, bem como o fortalecimento da resiliência dos sistemas naturais e humanos mais afetados.

 

Por que este é um assunto que todos precisam se preocupar e se envolver?

Esse aumento na ocorrência de eventos climáticos extremos no mundo e os seus impactos catastróficos faz com que este seja um tema que precise ser melhor compreendido e visto como estratégico, de importância global, envolvendo tanto a esfera pública quanto a privada. Somente assim será possível buscar mecanismos de prevenção e mitigação efetivos.

Afinal, as mudanças climáticas não têm fronteiras. Mesmo regiões que não emitem poluentes, serão afetadas de alguma maneira pelo aumento da temperatura no planeta e pelos seus impactos. E em virtude do avanço progressivo na temperatura média global, os fenômenos climáticos devem acontecer de forma cada vez mais extrema e frequente, afetando a todos.

Por isso, essa responsabilidade é de todos. Mas é aí que mora o desafio: essa divisão de responsabilidades não é clara. Ao mesmo tempo, faltam lideranças para congregar as organizações a fim de resolver esse problema que atinge e aflige a todos.

 

É possível prever um evento climático extremo? E como a Inteligência Artificial pode ajudar?

Outra grande questão está justamente em como prever esses eventos extremamente fora da curva e tomar decisões que gerem o menor impacto possível.

A dificuldade de prever eventos climáticos extremos existe por uma limitação tecnológica dos métodos tradicionais, que dificulta um acompanhamento local preciso e a curto prazo do tempo. O resultado é uma incapacidade de antever esses casos e, com isso, uma enorme dificuldade em tomar as decisões certas para controlar e mitigar as suas consequências.

Tecnologias como Inteligência Artificial têm auxiliado as empresas a tomarem melhores decisões, gerando o menor impacto possível, por meio de análises preditivas e de risco que relacionam diversos fatores de acordo com o nível de impacto dos eventos. Essa abordagem apoia a tomada de decisões em situações críticas.

Outros mecanismos inovadores também têm sido utilizados para a otimização dos processos e a redução ou absorção das emissões de carbono.

 

O papel do SiDi, como ICT

Novos problemas requerem novas soluções e, para tanto, uma união coordenada de forças. Por mais que seja difícil reverter totalmente o cenário a condições ideais, existem medidas que podem e precisam ser tomadas para reduzir os impactos.

Como Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT), o SiDi tem o papel de ser uma liderança nesse contexto, sendo uma ponte entre a pesquisa realizada nas universidades e a sua aplicação na sociedade. Isso envolve catalisar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, interligando as pontas e promovendo soluções inovadoras por meio de parcerias.

Além disso, também temos o dever de conscientizar a sociedade e as empresas, bem como fomentar conversas entre os players para facilitar a busca e a concretização das soluções.

Se a sua organização quer saber como ser mais resiliente e mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos, por meio de tecnologias que auxiliam na tomada de decisão, entre em contato conosco.